#BLOGGERCC || Recordações de Infância (de Natal)


É com um enorme sorriso no rosto que vos escrevo sobre as minhas recordações de infância natalícias. Apesar de agora a família ser maioritariamente adulta (o que me entristece um pouco porque o João não tem quase crianças nenhumas para brincar a não sermos nós que entramos na onda dele e fazemos construções, jogos e outras palhaçadas) quando era pequenina a maior parte dos meus Natais era passada ao lado dos primos da minha idade ou um pouco mais velhos. Eu não parava. Ceia de Natal? Para quê se temos três triciclos na garagem prontos para serem usados em corrida? Bacalhau cozido? Não quando temos a mesa dos doces tão perto. Éramos verdadeiros ninjas de Natal: ninguém via, mas de repente os Ferrero Rocher desapareciam da mesa. Como?

O meu Natal sempre foi enorme. É esta a ideia que tenho quando era pequena, talvez por isso mesmo: por ser pequena. Mas tudo me soava a grande; A mesa era sempre gigante, os familiares nunca paravam de chegar. Não havia sequer espaço para se ver a cor da toalha com a carrada de comida que havia, era pratos por todo o lado, sonhos, bolos rei, bacalhau, batatas cozidas, os sumos para nós, os vinhos para os avós, os copos mais rijos para não haver desgraça aos menores de 13 anos, os copos cristalinos e delicados para as mães. A árvore enorme e cheia de luz, a televisão a passar o anúncio da Galo (que me assustava, aqui fica a minha confissão. Ainda hoje eu oiço aquele anúncio na ceia e me arrepio) as prendas eram tantas que nem sequer conseguíamos tocar na árvore porque não havia espaço, era uma barreira gigante. Os buraquinhos que fazíamos nas prendas mais suspeitas, aquelas que pareciam mesmo ter a forma da embalagem do brinquedo que mais queríamos. Os primos mais velhos corriam para ir jogar playstation e ensinavam-nos a mexer nos botões para jogarmos com eles. Os gráficos péssimos, mas lá jogávamos corridas de carros ou tentávamos passar os níveis todos do primeiro jogo do Harry Potter e a Pedra Filosofal.

A garagem ficava cheia connosco a correr de um lado para o outro, a brincar às casinhas, escondidas, a vestir nenucos, a despir Barbies, a destruir cidades com dinossauros e os nossos pais a correr atrás de nós para nos convencerem a comermos bacalhau cozido. "Anda lá, eu corto o bacalhau aos bocadinhos e esmigalho a batata, comes num instante" e lá fugia eu daquilo que me parecia o sacrifício de uma vida. As bochechas estavam sempre rosadas e o nosso coração não parava. Não conseguíamos deixar de pensar no Natal, nas prendinhas que íamos receber e na companhia de tantos meninos para brincarmos.

O meu Natal de infância sempre teve duas sensações para mim: era grande e era intenso. Tudo para mim tinha uma intensidade enorme e eu vivia aquilo ao rubro, numa ansiedade tal que nem conseguia dormir. Mas tinha uma enorme importância no meu coração.

Hoje já não há tantos miúdos e os pais sentam-se todos à mesa sem dramas. A mesa continua grande e o mistério da cor da toalha persiste com a vastidão de comida que sempre há. Já durmo sem dar voltas na cama de excitação mas, aqui em jeito de confissão novamente, quando nos aproximamos todos da árvore para receber os presentes uma parte do coração da pequena Inês ainda palpita bem forte cá dentro.

Não se esqueçam de participar e de deixar aqui os links das vossas publicações sobre as vossas recordações de infância!

5 comentários

  1. Mas que relato tão fascinante. Identifico-me bastante contigo. A melhor parte era mesmo furar os presentes e tentar decifrar o que estava para lá do papel ahah

    Aqui tens a minha participação :) Beijinhos http://avidadelyne.blogspot.pt/2015/12/bloggercc-recordacoes-de-infancia-de.html?m=1

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  2. Revi-me em tantas coisas que nos contas-te, a magia do natal são as crianças que lhe dão :)

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  3. Eu adorava ter um natal com montes de primos etc mas tenho uma família pequenina e primos só afastados, portanto embora mais calmo e com menos barulho fazemos do nosso natal aquilo que é sempre e eu gosto tanto!

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  4. Os primos! Identifiquei-me com as bochechinhas vermelhas e o coração palpitante que, ainda hoje, permanece um bocadinho assim :)

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  5. O Natal é, muito provavelmente, a minha altura favorita do ano!

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