Cada vez mais o mundo do marketing e comunicação têm assumido a importância do conceito de nichos. Seja numa campanha, num perfil de redes sociais, nos blogues ou noutras plataformas, o futuro parece ditar que vinga melhor quem cria para um grupo altamente específico de pessoas com interesses muito particulares e sem fugir muito ao círculo de temas que esse nicho engloba.
É algo que profissionalmente compreendo e trabalho com, mas pessoalmente não me entusiasma nem desperta em mim grande concordância. Fico de coração partido quando um criador que admiro e acompanho diz que irá focar-se no seu nicho. Estrategicamente, sei que está a ser lógico e inteligente mas pessoalmente desanima-me, assim como a ideia de fazer do meu blog um conteúdo de nicho — embora, hoje em dia, muitas pessoas já considerem isto como nicho.
Aquilo que mais adoro no ser humano é a nossa pluralidade. Gosto tanto que já falei sobre isto, em 2017, aqui. Já pararam para pensar na vastidão de coisas que gostam, temas que acompanham e assuntos que vos entusiasmam? Alguns até parecem diametralmente diferentes! Mas faz parte do nosso design! Gostar de moda e, ao mesmo tempo, política; ser fã de música e sustentabilidade; literatura e tecnologia. Tudo é possível!
Durante muito tempo, as plataformas digitais eram um reflexo disso, dessa pluralidade: tirávamos fotografias ao nosso lanche e ao último livro que lemos. Falávamos sobre beleza e, de seguida, sobre desporto. Vídeos sobre comportamento e reviews de aparelhos eletrónicos. E estava tudo bem se o público se dividisse porque é um reflexo natural; uns acompanhavam mais certo tipo de temáticas, outros preferiam os restantes conteúdos e ainda outros acompanhavam os dois porque ambos os temas lhes interessavam. E ninguém abandonava o espaço porque compreendiam que uma pessoa é variada e, por isso, o seu leque de interesses para comunicar também.
E do ponto de vista de um consumidor? Também não me consigo encaixar nos nichos. Emocionalmente, porque gosto de ter vários estímulos nos espaços que frequento (até os digitais); eu quero acompanhar várias coisas diferentes, algumas totalmente opostas porque me ajuda a abrir a mente e a ter uma informação mais globalizada. Estrategicamente, porque não quero estar numa bolha, não quero que o algoritmo fique programado para me mostrar só um tipo de conteúdo, só um tipo de opinião, só um tipo de corrente, só um tipo de produtos. Não me reflete enquanto consumidora — muito menos ainda enquanto pessoa.
Compreendo que os nichos funcionam e que, para muitos criadores, é a única forma de se reestruturarem rumo ao sustento. Mas não consigo ceder. Não me importo com a dispersão do público e não me importo se isso dita uma lentidão no meu crescimento. Adoro conhecer pessoas com múltiplos interesses porque são um reflexo do que sou. A minha razão para ter começado tudo o que partilho digitalmente era uma: criar um espaço para falar do que gosto. E eu gosto de muita coisa. Se alguma vez concentrar as minhas plataformas numa só direção, deixarei de estar apaixonada por isto. Quero continuar a celebrar a pluralidade porque o mundo já tem rótulos a mais.
Esta pluralidade de que falas é das coisas que mais gosto nos blogues, especialmente o teu, Inês!
ResponderEliminarConcordo a 100% contigo. A nível profissional compreendo e defendo os nichos. É algo muito importante quando trabalhas com marketing. Mas em relação a blogues - ao que produzo para o meu e o conteúdos dos que consumo - gosto da diversidade. Às vezes, sinto-me um pouco "old school" por isso, mas é essa pluralidade de que faz que torna os blogs (e restantes redes) mais pessoais, dinâmicos e interessantes
ResponderEliminarComo te compreendo e partilho da tua opinião!
ResponderEliminarSei que analisando friamente, o caminho se faz melhor em nichos, mas não consigo ceder e abrir mão de todos os outros interesses que ficariam de fora... Como dizes, o caminho pode ser mais lento, mas ainda acredito que seja possível crescer com esta pluralidade de interesses xD
Não Digas Nada a Ninguém
Já tentei, mas nunca consegui. Já tentei entender que nicho é o meu, mas não me cabe no espírito tentar resumir-me a uma só coisa. Tal como tu, criei o blog, podcast, instagram por me ter reconhecido dona de muitos gostos e opiniões, sendo assim até hoje. Gosto que as minhas plataformas reflitam o que eu sou, e eu sou plural!
ResponderEliminarRecordo-me de quando li esse teu artigo da pluralidade e amado, por me ter identificado tanto... Mais importante do que definir nichos, é trabalharmos com amor e dedicação. Poderá levar mais tempo, mas encaixará sempre com a nossa essência e mostrará, na perfeição, as nossas fases de amadurecimento e crescimento. E isso é tão bonito de se acompanhar!
Obrigada por esta reflexão'zita. Estava mesmo a precisar de ler que só faço bem em continuar a ser eu! 💛
Beijocas,
LYNE, IMPERIUM BLOG // CONGRESSO BOTÂNICO - PODCAST