Embora já tenha lido alguns autores sul americanos, senti que estava em certa falta para com a literatura latina, pelo que decidi reintroduzir-me através do Nobel da Literatura de 2010, Mario Vargas Llosa: Travessuras da Menina Má.
Esta é uma história de amor — se é que lhe poderemos chamar assim, fica ao critério de cada leitor — totalmente invulgar e onde os clichés não moram. Ricardo, um peruano sensível e romântico vê-se apaixonado desde a sua infância pela, carinhosamente apelidada (embora não o pareça), menina má, uma rapariga desapegada, ambiciosa e inquieta. O sonho da vida de Ricardo sempre foi muito singelo: conquistar a menina má e viver toda a vida em Paris. Um deles, consegue obter muito depressa.
Travessuras da Menina Má é uma história de desencontros e tem uma leitura que, embora muito acessível, tem um tom pesado e bastante gráfico em certos temas que aborda. É uma leitura que não deixa ninguém indiferente. Todos nós teremos uma opinião ou sensação em relação à história de Ricardo com a menina má: angústia e esperança; empatia e fúria; frustração e compaixão; impaciência e tristeza. Todos ao mesmo tempo.
Além do evidente romance, existem outros dois pormenores que tornam a leitura deste livro tão interessante: as diferentes épocas e os contextos geográficos. Esta história passa-se numa altura muito volátil do mundo, que estava em constante actualização de confrontos, ideologias políticas, filosóficas e sociais. É também uma narrativa que se passa em diferentes lugares do mundo, pelo que as descrições são sempre deliciosas para quem ama atravessar fronteiras — e, aliadas ao contexto histórico, tornam-se ainda mais incríveis.
De previsível tem muito pouco, embora a leitura faça criar sobre nós uma ansiedade de sabermos sempre como vai terminar e de torcermos para que nunca termine assim. O final, confesso, surpreendeu-me. As personagens têm uma construção muito profunda e sensível que me conquistou desde a primeira página. Se procuram um livro para se introduzirem na literatura latina, este é uma boa estreia. Uma história que irei recordar para sempre.
Autor: Mario Vargas Llosa
Número de Páginas: 373
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Agora fiquei com pena: a minha primeira (e única) experiência com Vargas Llosa foi com Cinco Esquinas, que eu namorei durante anos até finalmente comprar e que se revelou uma desilusão! Valeu pelo contexto histórico, sobre o qual fiquei a saber um pouco mais.
ResponderEliminarTalvez lhe volte a dar uma oportunidade com este livro. O título é muito doce. :)
Este livro é maravilhoso! Foi a primeira obra que li de Vargas Llosa e fiquei rendida *-*
ResponderEliminarJá tinha ouvido falar muito brevemente do livro e na altura ficou-me an memória, mas, com a tua descrição mais detalhada da história, sinto que agora tenho MESMO de ler. Estou neste momento a ler um livro mas será com certeza o próximo!!
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