Por falta de organização e preparação, nunca chegámos a levar a Laika à praia. Sou naturalmente uma miúda muito ligada ao litoral - afinal de contas, todos os lugares que marcaram o meu crescimento e a minha vida tinham costa e eu passava a vida na areia e a enfrentar as ondas do Oeste e do Norte - portanto, era importante, para mim, tê-la levado. Teria proporcionado momentos de enormes gargalhadas e seria, certamente, inesquecível. Mas não aconteceu.
Este foi um desejo que imediatamente decidi realizar com a Belka, desde que a acolhemos. O tempo começava a passar e via-a crescer cada vez mais e a janela de oportunidade a diminuir. Não me sentia confortável em fazê-la passar por todo o processo de uma viagem de carro - por mais curta que fosse - em adulta e gigantesca. Queria aproveitar enquanto ainda tinha porte de cachorro para que tudo fosse mais fácil.
Durante a viagem, a rádio presenteou-nos com a letra da música da Miley; "I never came to the beach, or stood by the ocean". Ela mentia, mas para a (nossa) Belka, era verdade. Ela nunca tinha tocado na areia, sentido a brisa do mar, ou visto sequer o oceano.
Talvez muitos leitores olhem para todo este momento com uma certa indiferença e estranheza de que eu considere tão importante. Aliás, talvez olhem com a maior estranheza do mundo o quanto eu a considero e o quanto me importo com ela, na minha vida. Mas para quem sente a mesma ligação e companheirismo com animais como eu sinto, compreenderá a importância e o amor que sinto por estes momentos.
Fiz questão de ser eu a levá-la e fiquei emocionada quando a vi parar com firmeza para observar as ondas possantes de Santa Cruz. Não teve medo da areia (a Laika iria demorar muito mais tempo a tocar neste novo solo) e a sua expressão de Calimero abriu-se com uma língua de fora satisfeita, um focinho muito activo a cheirar todos os novos odores e uns olhos rasgados e satisfeitos.
Teve muito medo do mar e a espuma branca assustava-a, mas isso não a impedia de se aproximar para tentar compreender o que era aquele grande monstro que lhe molhava as patinhas. Também teve medo das penas das gaivotas que pousavam perdidas na areia e que voavam na sua direcção ao sopro do vento. Fugia delas, ladrava-lhes e tentava passar uma coragem que não tinha.
A certa altura, arriscámos soltá-la e deixá-la brincar. Desmanchei-me em lágrimas de felicidade por poder correr com ela junto ao mar, por sentir o vento no rosto enquanto brincava à apanhada com ela. Deliciei-me por poder cair na areia e rebolar com ela, por ensiná-la a escavar na areia, por ver o seu focinho coberto de areia. Quanto mais solta se sentia, mais feliz ela ficava, rebolando, saltando, cheirando tudo e regressando de volta aos meus braços para me picar para corrermos mais, brincarmos mais, rebolarmos mais.
O plano não era ficarmos durante muito tempo na praia mas, a certa altura, o cansaço venceu-lhe e adormeceu deitada na areia. Não fomos capazes de a acordar. Ela exalava satisfação por estar deitada num solo quentinho, com os raios solares a aquecerem a sua barriguinha cheia de manchinhas, por sentir a brisa fresca a poupar-lhe do calor do verão. Adormeceu profundamente e chegou até a ressonar! E nós ficámos ali, perto dela, a conversar até que ela acordasse.
Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Não só porque estive num dos lugares onde sou mais feliz com a minha companheira. Eu levo muito a sério a ideia de proporcionarmos momentos felizes aos nossos patudos. Se eu posso e tenho condições para dar uma família, eu dou. Se posso mimá-la um pouco mais, eu mimo. Se posso proporcionar-lhe um momento mais feliz e inesperado, eu tento. E eu queria muito que ela conhecesse um ambiente diferente, desafiante e novo, que ela nunca antes sonhara que existia. Fico com um aperto no coração quando me recordo que há inúmeros patudos e pessoas que nunca conheceram o oceano, o mar. E eu queria que a Belka soubesse que existe - mesmo que o tema. Eu também já o temi.
Ela faz-me muito feliz e ajudou-me em alguns momentos muito difíceis deste ano. Se eu posso retribuir e deixá-la feliz também - como a deixei, ela adorou a praia - sinto-me menos waste of space do que me sentiria se guardasse o oceano só para mim. Dos 23 desejos realizados (24 com o mergulho, em abril), acrescenta-se este. Dos mais especiais.
Fico tão feliz por ler sobre um momento tão feliz e especial na tua vida :)
ResponderEliminarNão gozes comigo nem me aches estranho, mas sempre que falas ou mostras a Belka, eu lembro-me daquela música do Tarzan "You'll Be In My Heart"!
ResponderEliminarAww, chorei de amor :')
EliminarQue post tão lindo!
ResponderEliminarCompreendo completamente já levo a minha Lucy à praia desde novita e ela sempre adorou! Quando era mais nova corria atrás das ondas e tentava mordê-las - agora já não o faz porque os anos já não perdoam - mas continua a adorar estar dentro de água e de escavar buracos e posteriormente rebolar-se dentro deles! É uma felicidade imensa vermos os nossos bichinhos felizes!
Beijinhos,
http://www.anaslogic.com/
Meu Deus!! Quanta ternura! Não aguentooooo!! Não vinha preparada para este post! Olha: <3 <3 <3 <3 <3 só tenho corações! <3 <3 <3 <3 <3
ResponderEliminarUm beijinho dourado,
Catarina
Este amor que demonstras pela Belka (e já demonstravas com a Laika) é das coisas mais bonitas de sempre! Nota-se que é genuíno e puro e sentes essa ligação com todo o teu coração e emoção. E isso é tão bonito e só faz de ti uma pessoa ainda mais bonita! E as fotos deste dias estão lindas, já agora :)
ResponderEliminarEntendo bem esse teu amor pelos animais. Adotei a Sasha há uma semana e pouco e quando ela crescer mais um pouco também tenciono levá-la à praia :)
ResponderEliminarFico com um sorriso enorme sempre que puplicas sobre a Belka. Consigo perceber o enorme carinho e amor que tens por ela. É muito bonito, Inês.
ResponderEliminarTambém tenho privilégio de viver perto do mar e sempre que posso é um dos passeios que faço com o Óscar, o meu companheiro de quatro patas :)
Que coisa tão linda!!! Infelizmente também não tive oportunidade de levar a minha companheira à praia e vendo estas imagens e lendo tudo o que aconteceu contigo, fico com pena de não o ter feito!! Tenho de ver se trato deste assunto!!
ResponderEliminarBeijinhos!
Black Rainbow Instagram
Que fotografias incríveis!
ResponderEliminarAinda bem que conseguiste esse desejo... é tão bom vermos os nossos melhores amigos felizes *
É tão lindo a forma como falas da Belka. Nota-se amor nas tuas palavras. É igualmente bonito e terno quereres proporcionar bons momentos à tua "patuda". E não é nada de estranho a importância deste momento, afinal o cão (ou cadela, neste caso xD) é mesmo o melhor amigo que se pode ter, e merece todos os mimos, e uma ida à praia, para quem tem uma forte ligação ao mar, é das coisas mais belas da vida...
ResponderEliminarPercebo bem, levar um cão à praia pela primeira vez é sempre especial, ainda por cima em Santa Cruz :)
ResponderEliminarQue linda publicação! Também tenho um desejo enorme de levar o meu Toby à praia ou ao rio mas ainda não tive oportunidade. Antes tinha uma cadela chamada Nina - que infelizmente morreu - e levava-a imenso ao rio. Ela adorava e eu fica mesmo feliz por vê-la tão contente na água. :)
ResponderEliminarhttps://batomebotasdatropa.blogspot.com/
Inn, as tuas publicações sobre a Belka deixam-me de lagrimas nos olhos. Adorava ter um patudo!
ResponderEliminarE são momentos como este que vale a pena guardar no coração =)
ResponderEliminarAs fotografias estão todas lindas mas a fotografia em que ela está a rebolar, conquistou-me completamente.
Adorei o post. :)
ResponderEliminarVê-se que gostas mesmo da Belka, e ela de ti.
Compreendo bem, eu adoro animais, até dizem que exagero, mas gosto mesmo, e tenho pena de não poder ajudar todos os animais de rua. :(
Essas fotos estão mesmo amorosas.
Sê feliz com a patuda :)
Que leitura deliciosa, Inês! Escrevo-te este comentário a sorrir, pois compreendo perfeitamente a ligação com a praia, embora não tenha crescido perto de uma. Todavia, há um não sei quê de extraordinário na areia, no mar, na brisa, que me torna numa pessoa mais feliz. E foste muito boa por teres proporcionado esse momento à tua patuda, pois acredito que algo nela se modificou para melhor, ao se reconhecer numa família tão aberta aos pequenos detalhes e experiências!
ResponderEliminarEspero que tenhas mais oportunidades de a apresentar a outras atividades de igual importância para ti, e por mais sorrisos luminosos nesse rosto! Beijo grande,
LYNE