É um dos meus maiores prazeres do Verão; esperar que o dia chegue aquela hora dourada, em a temperatura entra em harmonia com a brisa típica da estação, e sair descalça, de livro na mão, em direcção à cama de rede, na varanda. Há qualquer coisa de simples e mágico neste meu ritual, que me faz sentir melhor, mais próxima das rotinas que me fazem feliz e trazem paz.
A luz do Sol que bate, sem forças impiedosas, nas páginas do livro que leio devagar; o calor que ainda queima suavemente a pele destapada e a perna direita que fica sempre descaída o suficiente para o pé flutuar no chão, onde estico o dedo o suficiente só para dar à cama um ligeiro efeito de baloiço. Os cabelos, quando não estão apanhados, dançam pacificamente com a brisa, sem incomodarem o momento que se proporciona. Alguns brilham com a luz do Sol que os abraça.
Só se ouve o som dos pássaros, das primeiras corujas, dos cães a correr - finalmente felizes e activos por estar menos abafado -, das folhas a baloiçar com a brisa, num ritmo lento e em cadência, como quem se balança envergonhado ao som de um acústico de guitarra. É tudo tão verde e intenso, mesmo que a luz dourada tente competir pela mesma beleza. Ao longe, as planícies repousam pachorrentas e emolduram o quadro verdejante que os meus olhos alcançam quando os desvio de um novo capítulo.
É tudo tão sereno e no devido lugar. Está tudo no sítio certo e ninguém incomoda. O tempo desfaz-se e as horas passam sem darmos conta. Só vamos embora quando o Sol for também. O chão da varanda ainda irradia calor e aquece sempre a ponta do pé. O som das páginas a virar funde-se bem em toda a melodia que toca lá fora; e a frequência cardíaca desacelera, as pálpebras semicerram e os pensamentos pesados esfumaçam-se. Está tudo no sítio certo e o tempo pertence-me.
São momentos destes que me fazem sentir em casa. Por fora e por dentro.
Toda a gente aprecia o seu momento de relaxamento e esse parece-me muito bom, pena é não o poder fazer... De certeza que limpa a cabeça e relaxa bastante, só de ler o que escreveste deixou-me relaxada.
ResponderEliminarBeijinhos
Cantinho da tequis
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Ando a sonhar arranjar uma rede assim para a minha varanda :)
ResponderEliminarA delicadeza com que deixas as palavras fluir e os pormenores tão simples e cheios de vida que partilhas connosco... Quase senti um pequeno balanço no corpo e um cabelo a esvoaçar na brisa. Fui completamente transportada para a serenidade ao ler esta tua descrição, demorei algum tempo a reconhecer os meus livros quando baixei os olhos para a secretária. Que inspiração!
ResponderEliminarAna
Eu também adoro ler na varanda quando o tempo está fresquinho, mas não tenho uma rede, quem me dera ter.
ResponderEliminarEste post foi delicioso de se ler. Pareceu que estava a ler um livro, mas sobre uma cena da tua vida. Tens mesmo jeito para as palavras:).
Beijinhos,
Cherry
Blog: Life of Cherry
Tão bonito o que escreveste Inês. Consegui imaginar cada pormenor do que descreveste e transmitiste-me uma sensação imensa de bem estar.
ResponderEliminarÉ das coisas que mais gosto de fazer -ler um bom livro, ao ar livre :)
Após estes anos todos, a tua escrita continua a cativar-me! Sabe tão bem ler estes posts. É como se esquecesse por momentos todo o meu dia, todas as confusões e todos os stresses e durante aquele tempo, aqueles pequenos minutos, eu era transportada para o cenário que acabaste de descrever. Obrigada por esses minutos
ResponderEliminarAndo à anos a suspirar por ter uma rede assim!! Mas aqui levanta-se muito vento (perto da serra de sintra) e quebra logo qualquer tentativa de relaxamento!
ResponderEliminarMas de manhãzinha e ao final da tarde sei exactamente esses sons que falas. São deliciosos!
Fizeste-me viajar para os meus momentos na varanda de minha casa, de livro em punho e almofada nas costas para o banco não me magoar após o jantar!
ResponderEliminarEssa fluidez com que pautas estes momentos são tão... reconfortantes, de verdade! Senti-me a aquecer, não porque esteja calor, mas sim porque o sangue deixou-se encantar com aquilo que lhe apresentei e fervilhou de felicidade.
ResponderEliminarSão rituais e momentos destes que nos abrem os olhos para as coisas mais importantes da vida! E é tão bom saber que existe sempre alguém consciente disso! Continua assim, Inês, amante da vida!
Beijinho grande,
LYNE
Adoro que estivesses a ler "A Rapariga no Comboio"! A Paula Hawkins é uma das minhas escritoras preferidas e tive o prazer de a conhecer na Feira do Livro. Já leste o mais recente livro dela, "Escrito na Água"?
ResponderEliminarBeijinhos!
Estranha Forma de Ser Jornalista
http://estranhaformadeserjornalista.blogspot.pt/