ISTO É TÃO INÊS || 10 Coisas Que... Ainda Não Aprendi


O que não falta por esta blogosfera fora (e mais além) são aprendizagens. Sobre tudo e dos mais variados aspectos. Até aqui, pelo Bobby Pins, encontram uma série de exemplos disso. E é extraordinário poder partilhar convosco - e vocês comigo, quando fazem este tipo de publicações - estas conclusões, estas aprendizagens que vamos arrecadando consoante as nossas experiências, relações e histórias. Mas, hoje, gostava de partilhar convosco o que ainda não aprendi. Existe uma infinidade de coisas que ainda não concluí. Que até sei... Mas ainda não aprendi. Não interiorizei. Não afirmei em mim mesma e que, talvez, um dia, venha a aprender. A verdade é que ainda tenho muito para viver e oportunidades que, certamente, vão permitir-me chegar a estas aprendizagens! Mas se passamos a vida a partilhar o que já aprendemos, porque não reconhecer o que ainda nos falta interiorizar? É um exercício de reflexão inverso, mas igualmente bom. Experimentem. Enquanto isso, eu ainda não aprendi...


A beber chá sem açúcar
A verdade é que estou a ser injusta; eu já consigo beber alguns chás sem nenhum açúcar. Mas eu gostava de conseguir beber todos! E sentir prazer em bebê-los, na mesma. O chá preto ainda é impossível, para mim. Eu preciso do gosto doce para conseguir cortar um pouco o sabor amargo. É um trabalho que estou a esforçar-me por lá chegar.

A confiar nos meus palpites em relação às pessoas
Sabem aquelas pessoas que têm pressentimentos (bons ou maus) em relação às pessoas e agarram-se a eles com toda a força? Eu sou precisamente o contrário. Nos mais variados aspectos. Se é quando estou a conhecer alguém, nunca deixo que esse palpite leve a melhor porque sinto que pode ser um julgamento precipitado; aguardo sempre que a outra pessoa se revele mais e vá ou não de encontro ao meu palpite. Dou sempre o benefício da dúvida e não deixo que a intuição interfira com a forma como conheço alguém. Por outro lado, se já conheço a pessoa, tenho sempre a insegurança de que o meu palpite é um excesso de confiança. Acho sempre que estou segura demais de que essa pessoa vai sentir isto, vai pensar aquilo, vai dizer o outro, só porque a conheço. E dou sempre o benefício da dúvida de que pode ou não acontecer.
Honestamente, eu raramente erro. Talvez porque, lá está, não sejam palpites precipitados. Mas gostava de confiar mais neles porque me permitem antecipar uma série de comportamentos que me poderiam salvaguardar em inúmeras ocasiões. Mas sinto-me sempre injusta ou segura demais. Tenho de aprender que estas intuições, geralmente, não vêm do nada e que, embora eu não me aperceba, existem uma série de sinais que tornam possível eu antecipar determinadas características ou acontecimentos. Eu tenho bons palpites em relação aos outros e tenho de confiar mais em mim.

A deixar de ser esquisitinha
Mais do mesmo. Se pudessem compreender o quanto não gosto desta característica em mim... Eu adorava poder comer saladas com prazer; comer legumes; levar uma peça de fruta para o lanche; beber um batido de fruta e sorrir a seguir; receber um convite para "jantar lá em casa" e não ouvir sirenes na minha cabeça. É horrível. Porque não é só lidar com o facto de não gostar de uma série de alimentos. Também tenho de lidar com a percepção que os outros ganham de mim. De que sou uma mimada; de que "se vivesses na minha casa, comias de tudo", de me olharem como se fosse um ET ou de ter de fazer os outros prepararem algo que eu gosto em vez de, simplesmente, cozinharem o que lhes apetece. É muito triste. Mas estou a trabalhar para isso. Estou a esforçar-me e a reeducar-me. É uma batalha que vai demorar e que não está a ser nem um pouco fácil, mas não desisto. Um dia ainda vou escrever neste blogue "Podem não acreditar, mas deixei de ser esquisitinha". Aguardem.

A viver mais o momento presente
São muitos os momentos em que me deixo levar pelas emoções, como uma bola de neve. A ansiedade tem um peso inegável nesta equação; esta inquietude constante, por vezes, impede-me de absorver tudo o que está a acontecer agora, neste momento e, muitas vezes, as incertezas, inseguranças e todas as emoções que sinto fazem com que não me aperceba do quanto eu estou a viver no presente. Em muitas ocasiões. Esta foi uma percepção relativamente recente (embora eu desconfiasse) e que eu já percebi que sou capaz de contornar. Eu já sei como se vive o momento presente sem sofrer com o amanhã. Mas quero conseguir dominar esta capacidade com mestria. E eu sei que, no fundo, ainda não aprendi. Em muitas coisas, as minhas emoções falam mais alto e só muito tempo depois é que me apercebo do quanto aquele dia teve para me oferecer e eu não me apercebi por estar inundada de conflitos internos.

A cozinhar
Eu começo a conformar-me que não tenho qualquer tipo de sensibilidade culinária. Eu acho que cozinhar exige isso, exige que saibas quanto basta sem sequer precisares de olhar no medidor; que saibas que está bom sem contares os minutos; que saibas que é açúcar a mais porque vês. Eu não tenho esse toque. Eu sou robótica e sigo as receitas à letra, sem nenhum toque pessoal. E mesmo assim falho redondamente. Eu domino o mínimo de cozinha para conseguir alimentar-me sem morrer envenenada mas, além disso, sou fatal. Estou a esforçar-me para que esta relação mude, mas sei que vou ser sempre robótica. Eu sinto que nunca vou ter instinto culinário.

A não entrar em pânico quando vou ao dentista
Jogar com o pulso partido não foi tão assustador como é ir ao dentista. Juro. Eu entro na sala de espera e o coração começa a bater desenfreado, as mãos a suar. E a minha dentista é um amor de pessoa! Acho que a culpa é dos sons. E das vibrações. Por exemplo, eu tenho ataques de pânico com a broca. O som e a vibração no dente fazem-me perder completamente a noção. Começo a abanar a cabeça, a arregalar os olhos, a ofegar e a levantar o braço. Ela já sabe, portanto, temos ali algumas técnicas para contornar este problema. Mas até os aparelhos de limpeza fazem-me entrar em pânico. Eu adorava que me pudessem fazer anestesia geral antes da consulta e tratassem de tudo o que há para tratar. Ainda não consegui encontrar uma técnica ou uma solução que me permita ir a uma consulta sem ter um esgotamento nervoso. Fica a valer-me a dentista, que é extraordinária e que já consegue encontrar algumas manobras de distracção - não totalmente eficazes, mas muito melhores do que se simplesmente fizesse o que tinha a fazer e pronto -.

A aceitar a impermanência das coisas
Sobre esta, já muito falei aqui. Às vezes é difícil aceitar que não há mais, que acabou, que não regressa. Que as coisas duram no tempo que duram. É um facto que já me custou (muito) mais, mas que ainda custa. Eu sei que as coisas duram no tempo que duram, mas ainda me falta aprender em pleno.

A ser ice-braker, quando conheço pessoas
Eu tenho variadíssimas competências, fazer sala não faz parte delas. Eu sou trágica a conhecer pessoas e a desenvolver assuntos e conversas. Antes eu achava que era timidez, aquele desconforto inicial quando não conheces outra pessoa, o que é natural. Mas eu já compreendi que não é, porque eu não sou tímida. Eu gosto de conhecer outras pessoas, eu gosto de me dar a conhecer. Eu só não sei como! Não tenho a mais pequena habilidade para chegar-me à frente e falar sobre outra coisa que não seja do tempo!!! Se for a outra pessoa a chegar perto de mim e iniciar a conversa, perfeito. Acreditem que não vos deixo na mão e que, pelo ponto de partida, eu converso convosco as horas que forem precisas. Só não confiem em mim para ser o vosso ponto de partida, porque ficaremos apenas a olhar-nos desconfortavelmente em cada ponta do sofá. Ou em frente à mesa.

A conduzir em Lisboa
Ainda nem tinha 24 horas de carta e já estava a conduzir em Lisboa. Ironia das ironias: ainda não sei conduzir nessa cidade. A verdade é que até é compreensível; os sítios para onde eu precisava de ir, na capital, davam para serem feitos por transportes e compensava imenso. Ainda não surgiu nada que justificasse ter de levar frequentemente o meu carro para Lisboa, portanto, a aprendizagem ainda não surgiu. Já conduzi algumas vezes pela cidade mas ainda não aprendi a movimentar-me sobre quatro rodas por lá.

A colocar-me em 1º lugar mais vezes
Eu dou muito. E esta afirmação não é uma queixa nem é uma cobrança de admiração. Não quero ser beatificada. É uma constatação. Eu dou sem cobrar. Eu não deixo ninguém na mão, eu coloco inúmeras vezes as vontades dos outros acima das minhas, eu preocupo-me com pessoas que estão nem aí para mim mas que, se me ligassem às três da manhã, eu pegava no carro e ia ajudá-las sem hesitar. É horrível, eu sei. Eu desaprovo-me por isso. Sei que parece uma total ausência de amor próprio mas não é inteiramente dessa forma; eu aceito-me como sou e gosto de mim. Eu amo-me o suficiente para me afastar de muitas situações e pessoas que me magoam e intoxicam. Eu tenho essa capacidade, atenção! Eu sei ser completa por mim mesma e sou feliz. Mas eu tenho uma total ausência de orgulho. Não sou orgulhosa. Eu não sou pessoa para ver alguém, que já me fez sofrer, magoada e não ir perguntar se ela está bem ou precisa de alguma coisa. Eu não gosto de ser egoísta porque eu sei como é sofrermos pelo egoísmo dos outros. Não é assim que as coisas funcionam, eu também sei. É por isso que quero aprender a colocar-me em 1º lugar e a não permitir que se coloquem acima de mim tantas vezes. Porque dar desmedidamente não é saudável. Eu dou porque sei o que é não ter. Mas, às vezes, não regar em demasia os outros faz com que sobre água para nos podermos regar a nós próprios. E isso é o maior acto de gentileza que podemos ter para connosco.

17 comentários

  1. Só não me identifico com a situação do dentista. De resto... isto também é muito Carolina.

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  2. Algumas destas coisas vais aprender com o tempo, tal como eu tive que aprender ao longo destes 25 anos. Por exemplo, eu também metia os outros em primeiro lugar até ao dia em que percebi que só eu poderia estar em primeiro lugar e que já estava cansada de sofrer. Hoje em dia só dou a minha atenção a quem mostra que a merece. Tudo o resto fica para segundo plano. Quanto ao dentista... eu também sempre sofri muito com ansiedade (mas não tão forte como aquilo que descreveste) e só perdi os maiores medos quando durante dois anos tive que lá ir todos os meses por causa do aparelho. Hoje em dia ainda não me sinto 100% à vontade mas melhorou, muito, os meus ataques de pânico. Valeu-me também ter um dentista sensível que tentava atenuar as coisas mais assustadoras.

    Tudo isto irás alcançar com o tempo, não duvides. O primeiro passo para aprendermos algo é termos noção que cada dia nos traz algo novo. Algo que temos que apreender e guardar em nós!

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  3. Identifico-me bastante com esta publicação (exceto com a situação do dentista - quando pus aparelho lá tive que me habituar ao cheiro, dores, brocas, etc).
    Mas acrescento que ainda não aprendi a despreocupar-me com aquilo que as pessoas pensam de mim. E isso chega mesmo a limitar alguns aspetos na minha vida. Não escrevo nada sem pensar duas vezes, não compro nada sem pensar naquilo que vão dizer por vestir aquilo, coisas do género. "Porque parece mal", "porque sou magra e as pessoas vão olhar". Já sofri mais com isso e acho que estou no caminho certo para me deixar dessas coisas, mas para já ainda não consigo ter o meu Twitter sem restrições de visualização (por exemplo), ou vestir aquilo que gosto só porque me sinto bem.

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    1. Reconheço que, nesse aspecto, a aprendizagem está feita e foi precoce. Desde muito nova que nunca me preocupei com o que os outros pensavam de mim no que quer que fosse. Se estou segura de que gosto e não vou magoar ninguém por fazê-lo, faço-o, visto-me e decido o que quero sem dramas. A percepção dos outros sobre mim não me perturba nem influência nada :)

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  4. Identifico-me com muitas destas coisas, mas quanto ao chá nem o consigo cheirar seja com ou sem açúcar.

    http://acasadabrancadeneve.blogspot.pt

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  5. Identifiquei-me com imensas coisas não aprendi... sabes o que tu sentes no dentista? Isso para mim é com médicos em geral e eu tenho de me controlar muitoooo. Acho que só há uma coisa na tua lista que eu posso garantir que já aprendi... a gostar de chá. Eu antes não gostava porque a maioria das pessoas põe açúcar. No dia em que eu provei sem açúcar, gostei imenso e houve todo um universo recheado de chá de menta que se abriu à minha frente :P

    Obrigada por partilhares, adorei o post e foi uma óptima reflexão.

    Beijinhos,


    http://buongiornoprincipessa3.blogspot.pt

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  6. Identifico-me com muitas coisas que escreveste excepto a do dentista e a de conduzir em Lisboa.
    A do cozinhar, tive de me habituar este ano. Não sou uma grand chefe, mas dou uns toquezinhos com a receita à frente ahah

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  7. Inês, posso dizer-te que Gosto muito de Ti? Cada vez que leio um texto teu gosto mais um bocadinho. Até a escrever sobre o que ainda não aprendeste nos consegues ensinar alguma coisa. Fantástico! Desde a simplicidade do açúcar no chá à complexidade da impermanência das coisas, conseguiste cativar-nos e fazer pensar sobre cada uma delas com cuidado, carinho e atenção. Tenho a certeza que parte destas coisas estás bem mais perto do que julgas de aprender. Tenho mesmo! Por exemplo, a confiares nos teus instintos... provavelmente, achas que não o fazes, porém, posso dizer-te que a forma como o descreves mostra que estás bem próxima de ouvires os teus instintos plenamente.
    És um verdadeiro doce. Dás muito de ti e isso é lindo... eu compreendo essa atitude. Aprendi a dar ao outro muito cedo, não me arrependo, longe de mim tal sentimento. Contudo, sei bem no fundo de mim que isso me levou a sentimentos e situações muito angustiantes, porque dei e, muitas vezes, gozaram e negaram cruelmente o que oferecia. Compreendo que queiras aprender a colocar-te em 1º lugar mais vezes da forma como explicas e sei que é um caminho duro e intenso. Vamos fazê-lo juntas, don't worry!

    Como havia dito pelo twitter, é bastante provável que nos próximos tempos algo deste género apareça pelo meu cantinho. Aproxima-se o meu aniversário e penso que isto pode ser bem interessante para se tornar uma reflexão mais profunda.
    Um beijo Inn, és mesmo muito especial!

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  8. Há coisas que com o tempo vais lá, há outras que nem devias pensar em mudar. és como és, se não gostam epah azar

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  9. Tens muito trabalho pela frente! Para além de enumerar mos as coisas que gostamos em nós (como fiz há uns dias) é importante referir também aquilo que ainda nos falta aprender e ser para evoluirmos como pessoas e seres interiores. Tens um longo caminho a percorrer - e eu também - e sinceramente há muito pontos aqui que diferem de mim, curioso ah!

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  10. Identifico-me com imensas coisas (menos com a parte do chá vá :D) principalmente com o não ser "ice-breaker", mas no meu caso acho que é mesmo da timidez :/
    Gostei mesmo do teu blog, já estou a seguir :)
    Beijinhos <3

    www.losingmamind.blogspot.pt

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  11. Eu não consigo beber chá COM açúcar.:p Fico enjoada... ice-braker acho que também não é a minha cena e ando a trabalhar no "viver mais o momento presente".:)

    Another Lovely Blog!, http://letrad.blogspot.pt/

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  12. Tirando o ponto de conduzir em Lisboa, visto que ainda não terminei a carta, posso afirmar com toda a certeza que esta publicação reflete o meu oposto. É super engraçado ler estas vossas reflexões e descobrir a partir das vossas "não aprendizagens" as minhas próprias!
    Tiveste uma ideia de génio, Inês! Adorei conhecer-te um pouco mais!
    Beijinhos,

    LYNE

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  13. Inês o que se passa com os teus favoritos? Não aparece a parte do "ler mais"...

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    1. Não sei porquê, mas o "Ler Mais" foi removido em todas as publicações que o tinha incluído. Assim que tiver disponibilidade, removo-o para que possam ler os Favoritos (e outros) na íntegra :)

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  14. Inês, identifiquei-me muito com a situação da "esquesitinha", a sério! Não há pior coisa do que ir a casa de alguém e deixar os brócolos à borda do prato (por deus, ninguém oferece brócolos a ninguém, não é?) Ou então...fazerem uma comida só para ti (vergonha total!) E quando perguntam "mas afinal o que é que tu comes?!" A sério?!! Drama, isto é viver no drama! :)
    Bjs Inês!
    http://andreiamoita.pt/

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