Mesmo desconhecendo o que o futuro do meu semestre, do meu estágio ou até da minha Licenciatura me reserva, estas foram as minhas últimas semanas de recepção ao caloiro da minha Licenciatura. Fiz por ir a todos os dias e gozá-los como se fossem os últimos, porque eram. E senti-me eternamente nostálgica durante todos os minutos.
Tivemos muito menos caloiros do que nos anos anteriores (os media e os pais não ajudam) mas gozei cada segundo com este grupo, que foi impecável, divertido, esforçado e empenhado. Este ano quis curtir a valer uma das actividades académicas que mais adorei fazer. Por isso praxei, disciplinei, diverti-me a dançar e saltitar entre eles enquanto cantavam as músicas do curso, ensinei-lhes todas as canções, expliquei-lhes tudo sobre o apadrinhamento, chinelei pelo campo fora com os meus sapatos de traje (que já estão largos e estragados do uso) e gritei o mais alto que pude todas as músicas. Acabei esta semana com a voz tão inexistente como no meu ano de caloira, coisa que até à data não se tinha igualado. Tracei a capa mesmo com um calor infernal, apareci às oito mesmo quando, ao sair de casa, ainda era noite cerrada.
Não vos sei explicar como é estar nesta posição quando sabemos que é a última vez, mas senti o traje agora mais do que nunca e todos os momentos foram intensos para mim. Foram marcantes. Parece que tudo tem mais sabor e é melhor aproveitado e mesmo assim sinto que podia ter feito tantas coisas mais e não fiz pela falta de tempo e recursos. Não contava ser Madrinha. Eram muito poucos para taaaaantos trajados disponíveis e considerei que, no meio de tanta escolha possível eu não fosse opção e iria passar despercebida.
A Baixa-Chiado inundada com os nossos gritos de curso ensurdecedores. Uma das ruas mais movimentadas de Lisboa parou para nos ver descer, trajados e caloiros, todos a gritar os cânticos de curso. Nada mais se ouvia a não ser a nossa voz e as pessoas juntavam-se para nos ver passar. As capas negras à volta da fonte do Rossio a contrastar com o branco da calçada e o som da fonte atrás de mim. Os salpicos na nuca que aliviavam o calor que sentia nas costas pretas do Sol que fustigava-me o casaco. Olhar para a Vanessa emocionada por, após três anos, eu acabar da mesma forma que começámos: juntas. Lado a lado. Com um sorriso gigante nos lábios e os rostos mais limpos do que em 2012.
Só tivemos dois rapazes (corajosos) na nossa praxe e um deles correu para a minha capa de carta verde na mão. Acho que, para sempre, ele irá lembrar-se deste momento como eu ficar boquiaberta de espanto. No ano passado a experiência foi incrível e emocionante e senti que este ano não ficaria abalada se ninguém me escolhesse, pelas mesmas razões apresentadas em cima. Mas enganei-me. O peso da emoção foi precisamente igual ao do ano passado e, embora não tenha chorado (quando são momentos demasiado emotivos, com muita coisa a acontecer e muita gente a ver eu tento controlar-me) ele entregou-me a carta com um sorriso gigante nos lábios e os meus dedos tremiam a tentar abri-la com cuidado sem rasgar. Não conseguia controlar as mãos com o nervosismo. Toda eu tremia de emoção pela nova responsabilidade, tal como tremi quando os meus primeiros afilhados correram até mim.
Apadrinhar é a maior responsabilidade que levamos connosco na Faculdade. É saber que já não estamos sozinhos a guiar-nos mas a guiar outros também. É ser um pilar mesmo que eles nem imaginem que nós temos imensas inseguranças também. E sei que ser Finalista e Madrinha vai exigir muito de mim. Especialmente pelo novo membro que entrou e tem tantas cerimónias por participar, nas quais conta com a minha presença e entrega. E quero que ele conte com isso porque o merece, como todos os seus irmãos mereceram e como eu mereci da parte do meu Padrinho.
Ontem eu conheci o meu último Afilhado de Licenciatura e assim termino a minha família. Independentemente do que acontecer no futuro, eu quero terminar o meu ciclo de praxante este ano lectivo e, assim, conto com uma viagem extraordinária acompanhada de 5 miúdos maravilhosos que me fizeram rir, chorar baba e ranho e desdobrar-me em 15 para os ajudar. E são tão bons miúdos, tão dedicados e extremosos que merecem tudo de bom desta vida académica, que ainda agora está a começar para eles.
Ontem eu baptizei-o com a maior inveja do mundo: ele estava prestes a começar. E o meu maior desejo do mundo é que ele tenha um percurso tão extraordinário como eu estou a ter.
Termino a minha última recepção ao caloiro com um sorriso gigante nos lábios e babada até Bragança por estes 5 filhotes. E Padrinho, espero que estejas orgulhosa da tua última Afilhada de Licenciatura.
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Parece mesmo ter sido super divertido!
ResponderEliminarBeijinhos :)
http://those-colorful-words.blogspot.pt/
Dá para sentir a tua emoção através deste texto Inês! Excelente, aproveita muito!
ResponderEliminarGostei imenso do que escreveste e, por momentos, consegui vislumbrar e sentir uma parte daquilo que sentiste e conseguiste, com sucesso, transmitir neste texto.
ResponderEliminarEstou cada vez mais ansiosa para poder entrar na Faculdade e experimentar as praxes, longe de todas as opiniões macabras que andam por aí acerca desse assunto.
Desejo-te toda a sorte do mundo para esta nova fase da tua vida.
Beijinhos.
https://avidadelyne.blogspot.com/
Adorei, adorei! Nota-se claramente que esta é uma jornada que levarás para sempre no coração, com o maior carinho!
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