Mais um semestre que terminou e que posso dizer com muito orgulho e alívio que foi o semestre mais bem sucedido da minha licenciatura até agora. Posso dizer também que o 3º ano foi o ano mais tranquilo, não sei se porque apanhámos um esticão no 2º que nos deixou a todos em sentinela, se porque as cadeiras eram mais aliciantes ou se porque a minha própria postura na Faculdade foi mais descontraída a pensar noutras coisas. Mas a ideia geral do nosso curso foi que este ano foi soft. GraçáDeus.
Nutrição nas Comunidades, Política Alimentar, Projecto I, Nutrição e Desporto, Alimentação Colectiva e Gestão e Dietoterapia II foram as cadeiras que figuraram este semestre. Não posso dizer que não gostei de nenhuma ou que gostei menos de alguma porque todas me apaixonaram e aliciaram!
Nutrição nas Comunidades foi aquela onde fizemos a acção de educação alimentar nas escolas, onde contactámos o mundo real e onde tivemos de nos despir de vocabulário corriqueiro dentro da nossa área mas que para as outras pessoas é chinês, onde tivemos de simplificar, de nos preparar para questões mirabolantes ou pertinentes, onde tivemos que fazer e refazer os slides da apresentação (que parecia que nunca iriam estar prontos) e onde tivemos de treinar e treinar toda a informação que íamos dizer (e que cada vez que treinava mais parecia que ia pôr os pés nas mãos). Exigiu trabalho e dedicação mas o resultado foi tão fantástico que valeu a pena a experiência!
Política Alimentar foi uma das cadeiras que mais gostei por ser diferente das típicas que abordamos ao longo da licenciatura e onde pudemos fazer debates (coisa que adoro!). Saímos das cliniquices e começámos a falar de temas que realmente são actuais e muito importantes! Como vamos combater a fome em Portugal? Como pudemos evitar o desperdício de comida nos restaurantes e supermercados? Como podemos promover a prevenção de doenças ligadas à nutrição para reduzirmos os custos altíssimos que temos de pagar para os tratamentos? Será que as quotas ligadas à alimentação podem ser significantes no acesso de bens essenciais a pessoas mais carenciadas ou é um pontapé no ambiente? Que ideias podemos retirar de outros países para aplicar em Portugal para melhorar a alimentação das crianças? Que acções devemos ter em relação ao terrorismo alimentar? Quais as estratégias para chamar o Governo a atenção para medidas políticas ligadas à Nutrição? Eu achei a cadeira fascinante e, admito, eu gostava de ter intervenção política em Portugal na Nutrição. Gostava muito.
Projecto I é uma cadeira de preparação. Nós temos de realizar para o ano uma investigação em grupo, de um tema à nossa escolha para fazer experimentação, avaliação de resultados e conclusão. É quase como uma tese de mestrado mas num ponto de vista muito mais suave. Mas como estes projectos levam algum tempo de preparação, toda a parte de avaliação da investigação, a escolha do tema, a organização do tema e a pesquisa sobre informação ligada ao que estamos a investigar já foi feita este ano e avaliada. Basicamente foi um adiantamento para a quantidade de trabalho que teremos para o ano!
Nutrição e Desporto foi o meu grande amor. Eu escrevi aqui num post há uns meses que tinha muito medo de as minhas expectativas não se corresponderem porque não conseguia evitar não ir expectante! Eu adoro desporto e quando isso está ligado à minha área de sonho, que mais posso querer? Bati palminhas e a professora era incrível e aliciante, portanto, foi uma cadeira que pouco ou nada me custou. Abordámos diferentes modalidades e as suas necessidades (porque um futebolista, uma ginasta e um maratonista não podem fazer as mesmas coisas nem comer as mesmas quantidades!), a relação do desporto com a perda de peso (porque o desporto não serve para perderem peso mas sim mobilizar a gordura!) e a hidratação e alimentação do atleta pré, durante e pós competição ou treinos. Como saber se o meu atleta precisa de mais calorias ou mais água? Como fazer um atleta ganhar peso depressa sem o comprometer, como fazê-lo perder peso? Tudo isto na cadeira e juro-vos, se pudesse mandava um e-mail à professora para lhe pedir para voltar a assistir às aulas. Foi um sonho para mim (ela aparece imensas vezes na televisão, vocês até devem saber quem ela é).
Alimentação Colectiva e Gestão foi a cadeira que me deu um chapadão e me fez ver "helloooo? temos aqui uma nova oportunidade de carreira, não?" e lá me comecei a interessar. Cantinas e COPAS hospitalares, serviços de restauração, tudo isso precisa de um nutricionista. Garantir que os equipamentos conseguem produzir e manter os alimentos seguros, livres de contaminação e com qualidade, selecção de pessoal, gestão das ementas e das receitas, fazer os ajustes necessários para garantir um melhor serviço e mais clientes, que molhos colocar, que quantidade dispor, como fazer o meu cliente voltar ao meu serviço de restauração, tudo isso é abordado na cadeira. Dar à nutrição um sentido de empresa é o objectivo e fiquei conquistada, tentada para esta área.
Dietotepatia II fez-me temer pela vida e nos primeiros casos clínicos começámos muito, muito, muito mal. Mas não fui só eu. O curso inteiro. Passámos de dietas simpáticas para emagrecer ou engordar pessoas (que são facílimas) ou para pessoal com colesterol ou purinas para doenças a sério e não foi um primeiro contacto muito feliz porque eram contas e mais contas e mais contas e mais fórmulas e mais indicações para seguir até chegarmos à parte gira da distribuição de doses. É assustador sentir que está sempre errado e que temos de voltar com as contas todas atrás porque nos esquecemos de um passo. Há doenças mesmo complicadas ao ponto de um colega meu ter chegado a dizer "Vou meter no letreiro do meu consultório 'Nutricionista Clínico. PS: Não o atendo se tiver as seguintes doenças: A, B, C, D'" porque eram realmente chatas e poderiam colocar em risco a própria vida do meu paciente. Mas depois comecei a enfrentar isto com outros olhos e começou a melhorar um pouco, bastante até. Mas houve muita gente desconfortável com a cadeira, penso que foi a mais difícil porque não era linear, precisou de muito treino para eu estar ambientada e fez-me pensar que talvez não seja feita para clínica. Tremeu um bocado as minhas ideias mas eu adorei o desafio, sem dúvida!
Este ano não houve grandes ligações com clínica, o que me deixou ligeiramente satisfeita porque abriu portas para áreas às quais não estávamos tão familiarizados e fez-me ganhar mais gosto pela minha licenciatura e pelas cadeiras que aborda. Foi um semestre mesmo suave mas ao qual eu tive os resultados mais altos (subi a média inclusive) e onde tive a postura mais descontraída sem perder a ambição e a capacidade de trabalhar. Consegui gerir o meu horário muito melhor e tive imenso tempo para estar com quem mais gosto, para fazer trabalhos, para bezerrar no sofá, para fazer o meu desporto, para sair e para estudar. Foi o mais próximo de um pseudo-secundário mas sei que não me perdi no rumo, como era tentador. Não me encostei à sombra da bananeira nem levei a brincar as cadeiras. As temáticas começam a ser mais fáceis de assimilar porque estamos cada vez mais familiarizados com os conceitos e abordagens, as cadeiras são cada vez mais interessantes e temos professores que puxam por nós e não querem menos que a perfeição. Mas é bom podem ter gosto em ler o que tenho de estudar, em ver que consigo captar bem as coisas e estudar sem ansiedades abusivas ou sem ter de desmarcar um café com amigos ou um jantar a dois especial. Foi um ano bom mas este 2º semestre foi a cereja no topo do bolo!
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Nota se que adoras o teu curso e fazes me ter vontade de tirar o teu curso. Ainda bem que correu, aproveita as férias!
ResponderEliminarJá eu detestei Alimentação Colectiva e Gestão xD É uma área que não me fascina e na qual não gostava mesmo de trabalhar...
ResponderEliminarE na minha faculdade não temos essa cadeira da Nutrição e Desporto. Mas quem me dera ter tido... Só tive uma breve noção deste tema numa outra cadeira, e eu e os meus colegas fartamo-nos de nos queixar sobre isso e de dizermos que, se nos aparece um atleta à frente, vamos ficar um bocado a leste =\
Foi uma das questões de peso que me fez escolher a Lusófona, é a única que tem esta cadeira...
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