Fotografia da minha autoria, por favor, não a utilizar sem autorização prévia Instagram: @innmartinsm |
Se me perguntassem qual o destino onde me quereria estrear a andar pelas ruas sozinha, a última das opções seria Paris, claro. Como referi, é uma cidade demasiado romântica e luminosa para ser vista sem par ou sem alguém que gostemos muito. Aliás, acho que cai na vulgaridade com a necessidade exacerbada de haver tantas viagens de finalistas de 9º ano (sempre me deu vontade de rir haver uma viagem de finalistas para o 9º ano, perdoem-me) ou até Barcelona. É certo, já toda a gente quase foi a Paris mas quantos de nós vivemos mesmo a experiência de Paris com alguém que faz o nosso coração entrar em taquicardia emocional? Eu não, mas gostava. E sozinha, preferia uma viagem mais tropical, mais selvagem, Indonésia, Austrália, Brasil. Mas eu não torço o nariz a desafios e se Paris estava destinado a ser a minha primeira cidade a visitar com mapa sozinha, pois que fosse. Não desisto.
Acabei a visitá-la sozinha porque o grupo de maratonistas que estava comigo não queria visitar muitas das coisas que estavam nos meus planos e não queriam longas viagens a pé antes da prova, ao contrário de mim. Acabei por me separar deles com um mapa na mão e mochila às costas. E vivi tanto a experiência de não fazer a mínima ideia de onde estava (o mapa oficial do turismo em Paris elimina muitas ruas) como a experiência de caminhar de mãos nos bolsos, mapa arrumado na mochila e seguir o instinto e os sinais das ruas. Claro que volta e meia aborrecia-me ter de voltar para trás ou ter de falar com um polícia para perceber como chegava a determinado local. Mantive a atenção que sempre tive a viajar - mesmo na minha própria cidade - a possíveis carteiristas mas em momento algum me senti indefesa ou à beira de perigo. E foi tão bom!
Pude seguir o meu caminho com as minhas músicas e visitar os museus ao som delas porque não tinha de estar preocupada de me perder de alguém. Ia para onde queria, fazia o meu próprio roteiro improvisado. Mas o melhor de tudo foi poder pensar e reflectir sobre mim mesma durante todos os percursos ou no silêncio dos espaços menos movimentados. Conheci pessoas incríveis pelo caminho que guardo com imenso carinho, descobri a ter mais confiança em mim própria, nem que seja para ter a certeza de que é para aquela direcção que tinha de seguir. Descobri a gerir saudades com mais moderação e mais certezas. Mas, acima de tudo, ganhei muita confiança em mim mesma. Em saber que consigo fazer as coisas e seguir caminhos sem precisar de depender da cabeça ou da orientação de alguém. Seja para viajar, seja para me decidir definitivamente sobre algo na vida. Foi uma introspecção que eu achei fundamental, tendo em conta que estou na casa dos vinte anos e gostaria de fazer mais uma, alguns anos mais tarde.
Concluindo, foi mais desafiante e gostoso do que o assustador e aborrecido que inicialmente eu previa. Bastante desafiante e importante para o meu crescimento. Sem dúvida que viajar é um acumular de lições e experiências que não temos em mais lado nenhum. E se a vossa pergunta ainda vos assola, a "não te sentiste só?" eu respondo-vos com o maior sorriso: não. Eu estive comigo mesma e há muito tempo que não estava. E por vezes estamos tão preocupados em nunca parecermos sós que mais isolados ficamos. A minha companhia, em Paris, ainda que muito pouco ou nada romântica, foi essencial para saber estar ainda melhor com as pessoas que adoro.
Adorei este texto porque mostrou um lado teu extremamente maduro e sábio :) não duvido que tenha sido uma aventura que teve tanto de desafiante como de importante!
ResponderEliminarLindo! Já estive em Paris duas vezes e sempre acompanhada, a primeira com a familia e a segunda com amigas. Estou contigo e acho que Paris também deve ser vivido de maneira romântica por isso acho que à terceira irei com namorado ahha! Por acaso nunca me aventurei sozinha mas acho que queria muito, talvez numa cidade europeia porque é mais fácil.
ResponderEliminarQuero mesmo MUITO viajar para a Ásia mas quero que seja acompanhada, quero partilhar essa experiência com alguem!
Mas, ainda bem que gostaste de passear contigo própria pelas ruas de Paris, até me parece bastante romântico. Um encontro contigo mesma, sounds nice! x
Se soubermos estar connosco sabemos estar com os outros.
ResponderEliminareu também ando a precisar desse tempo e espaço só para mim :)
ResponderEliminarAdorava fazer isso eu (só assim naquela até pesco qualquer coisa de mapas :p) adooro viajar e a auto reflexão que fazemos quando estamos sozinhos é algo tão importante! Adorei o texto Nês, as always :)
ResponderEliminarQue bom! Gostava de também me arriscar assim num mundo por descobrir, só com um mapa e uma máquina fotográfica (dinheiro e bateria no telemóvel também!)
ResponderEliminarIsto é algo que desejo fazer na minha próxima viagem :)
ResponderEliminarUm mapa, uma máquina fotográfica e música são o suficiente para um dia bem passado sozinhas numa cidade completamente desconhecida :) Quero mesmo experimentar!