Já andei duas vezes de Gôndola, das duas vezes que fui a Veneza. Em ambas eu cheguei à conclusão que aquilo que mais me fazia ter medo de andar de Gôndola era também o que mais me fascinava, ao ponto de deixar de lado o torcer de nariz e embarcar na viagem: a proximidade com que estamos da água.
É muito diferente de andar de barco, mesmo que seja um barquinho a remos, não tem nada a ver. Porque assim que os meus 47 kg entraram dentro daquela Gôndola, a estrutura imediatamente baixou. Da primeira vez que aquilo aconteceu vocês deviam ter visto o meu pânico! Foi tal que me agarrei imediatamente ao gondoleiro. A facilidade com que aquilo afundou com o peso que tinha e com a carrada de pessoas que ainda estavam para entrar fez-me pensar que ia encenar um Titanic improvisado e duvidar do Eureka de Arquimedes.
Eu fiz o cálculo. Entre a borda da Gôndola e o nível da água do canal estavam 3/4 dedos de distância. Não mais. E quando me passou o medo (que inevitavelmente passou, o que não passou foi o constante alerta para o que iria fazer se aquilo virasse) eu pensei no quão fascinante era estarmos a este nível da água. A perspectiva é brutalmente diferente e é como uma viagem de mar sem sequer nos molharmos. A Gôndola sempre inclinada (para distribuir o peso) e o silêncio: sem carros, sem ruas pedestres porque eram canais onde só se podia chegar por via marítima. As casas tinham garagens para barcos. As casas mais velhas tinham uma porta que dava directamente para um canal, o que me fez pensar no quão inútil seria se o proprietário não tivesse consigo uma forma de circular nestas águas e o quão devastador seria em aqua-alta (digamos, cheias).
Quando chegámos ao Grande Canal (o canal mais comprido de Veneza, onde aparecem mais fotografias, largo e cheio de barcos), eu senti-me o ser mais insignificante do planeta a três dedos de me afundar. A água dominava-me por todo o lado e qualquer onda levantada pelos táxis marítimos fazia a Gôndola soluçar. Ainda assim eu repetiria esta viagem as vezes que fossem precisas para voltar a sentir a beleza que senti. Pessoas a olhar para nós mas isso não importava. A dimensão importou-me. Abriu-me os olhos.
Deve ser brutal xD sempre quis experimentar andar de gôndola. Este teu post fez-me sonhar. Obrigada Inês!!
ResponderEliminarNunca andei de Gôndola, mas adorava :)
ResponderEliminarDeve ser fascinante. Adorava visitar Veneza :)
ResponderEliminarSempre quis ir a Veneza, mas nunca pensei que andar de Gôndola fosse tão assustador! Mas de certeza que vale a pena (:
ResponderEliminarJá estive em Veneza, mas infelizmente não pude andar de gôndola. Depois de ler este post fiquei ainda com mais vontade de experimentar. Lembras-te mais ou menos quanto pagaste?
ResponderEliminarNunca andei mas amava!
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