Embora esta seja a época em que os dias ficam cada vez mais curtos e em que o frio, de noite, chega a ser quase insuportável, esta é a altura em que mais gosto de sair de casa e andar pela cidade. Gosto de passear pelo centro quando o céu já está com um belo tom azul bebé e o Sol já não tem altura para nos ofuscar com raios solares. A partir daqui, o azul apenas escurece um tom de cada vez e eu deixo-me aconchegar pelo meu casaco.
Gosto de descer as ruas e de ver os candeeiros de rua já acesos embora a noite ainda não tenha chegado em absoluto. As lojas abertas e com a típica luz amarelada a sair pelas montras e a preencher as ruas num clarão confortável e caloroso. Nesta época, ninguém sai à rua sem gostar, verdadeiramente, de sair e é assim que nos cruzamos muito mais com casais apaixonados e amigas a transbordar de saudades. O dia não podia estar mais frio mas, ao meu redor, apenas encontro calor.
Gosto de desfrutar dos maravilhosos "Chá das Cinco" na minha casa de chá preferida. A temperatura, no interior, está sempre equilibrada e perfeita. Nunca se entrega ao frio da rua e nunca está absurdamente quente. Sabe a casa de avó.
Adoro sentar-me perto da janela que ilustra a rua escura enquanto seguro a chávena do chá com as duas mãos, como sempre. De molhar os lábios e sentir o sabor da bergamota a inundar-me o gosto. Oiço jazz na ao fundo, mas nunca se sobrepõe à conversa da mesa, que me faz rir ou pousar o queixo na mão, como tanto gosto de fazer quando quero escutar alguém.
Scones quentinhos por onde o doce de frutos vermelhos escorre. Tão doce como ouvir o saxofone e ver as primeiras lojas a fechar, lá fora. Tudo num ritmo perfeito. Sem grandes pressas, em movimentos sonolentos. Dá gosto deixar-me ficar sentada e aproveitar todo este momento enquanto como scones com chá e roubo bolachinhas de canela, numa antecipação natalícia.
Saio sempre agarrada ao cachecol e observo o vapor a sair da boca como se fosse um dragão prestes a ser descoberto pelo mundo. A meia-luz aconchega-me e deixa-me feliz. Os sinos tocam ao fundo da rua e a sensação de aldeia que eu tanto adoro reconforta-me. Sinto-me sempre mais próxima de tudo o que me rodeia quando os sinos tocam. Sinto-me presente, a viver precisamente este momento. Sem pressas, compromissos ou outros lugares onde quisesse estar.
Adoro passear nesta época do ano porque aproxima-me de tudo o que é familiar e seguro no meu coração.
Lindo! Senti-me a deixar envolver pelas tuas palavras, sempre tão certeiras e aconchegantes, Inês :)
ResponderEliminarEstou doente neste momente (constipada) por isso nem imaginas o quanto essa imagem foi reconfortante para mim.
ResponderEliminarBeijinhos :)
https://dailyvlife.blogspot.pt
Este texto foi muito reconfortante, senti-me tão envolvida nesse ambiente que descreves! Adorei, Inês!
ResponderEliminarhttps://sunflowers-in-the-wind.blogspot.pt/
Adorei, como sempre, o texto. Diria até que o sol brilha de forma diferente no Outono.
ResponderEliminarPor onde anda a Sofia?
O dia não podia estar mais frio mas, ao meu redor, apenas encontro calor.
ResponderEliminarNão descreveria melhor a sensação que me deixa sair nesta altura do ano. É tal e qual como dizes, só sai nesta altura do ano quem realmente quer rever amigos ou passear com o seu par, por isso, tudo parece mais bonito em nosso redor. Gosto tanto do «Outono» e, ler-te, faz-me gostar ainda mais. <3
Aquele momento em que acabas de chegar da faculdade, está um frio de rachar, tal como as pinceladas que a chuva deixa nas janelas, o teu nariz está a pingar, sentas-te para colocar leituras em dia e te deparas com a descrição perfeita de como é que anda o teu estado de espírito e tudo aquilo que te rodeia e anseias por.
ResponderEliminarOh, Inês, que pessoa maravilhosa que és! Já só tenho vontade de te afogar num abraço quentinho e dar-te muitos chás pretos, enquanto ficamos à conversa! *0*
Beijinhos,
novo blogue: IMPERIUM