AMOR || Por nós próprias.


Há tempos, perguntei como se curavam corações partidos mas o meu não estava quebrado por desamor. Ou talvez estivesse, mas não era por ninguém mais do que eu. Não foram tempos fáceis; não tinha fome, achava-me horrível e embora esta seja uma frase simples, custa-me escreve-la porque carrega a dureza da realidade que passei. Não me reconhecia, desapaixonei-me por mim própria. Tinha saudades da Inês que ria, que era alegre genuinamente, que tinha leveza no coração. Observava-me apagada.

Durante estes longos quatro meses lutei no meu processo de voltar a ver-me minimamente como a pessoa que era. Estudei com afinco, saí de casa sempre que pude, vesti-me bem, ouvi música. Conheci uma pessoa fantástica que se apaixonou por mim quando nem eu própria estava apaixonada por mim mesma e isso foi imperativo para querer tratar de mim primeiro. Não queria ninguém para colar os pedaços do meu coração, não queria sentir-me bonita só porque alguém me dizia que era bonita (por muito sincero que fosse). Precisava de me resolver comigo mesma primeiro, só assim seria justo. Tinha de me reencontrar.

Fui-me reabilitando sem rancor de ninguém e, especialmente, sem rancor de mim mesma. E permiti-me a aceitar coisas boas, como o sentimento que foi crescendo dentro de mim. Tratei-me como uma prioridade, coisa que muitas vezes falhou na minha vida e que não tenciono repetir. Ter o seu apoio se pressão, momentos constrangedores ou cobranças foi muito bom. Era fundamental eu ter liberdade para me cuidar mas o seu companheirismo e amizade foram impagáveis. Um gesto que não esquecerei e pelo qual lhe sou muito grata.

Hoje, estou tal como quero e sei que o consegui fazer por mim. Que abracei todos os sentimentos que agora tenho depois de abraçar os bons sentimentos que tenho por mim. Que me sinto bem como estou, não apenas com quem estou.

Curei o meu coração partido e ganhei um novo. E quero que esta seja, também, uma mensagem contra corrente: entre tantos relatos derrotistas sobre corações partidos, eu quero deixar um de esperança. Amor próprio vem sempre de dentro.

6 comentários

  1. Desde sempre (antes de andar por aqui com o blog) que te achei uma verdadeira lutadora e uma mulher de garra e este texto só vem prová-lo. É tão importante nós gostamos de nós antes de tudo o resto e é tão importante pensarmos sempre "eu sinto-me bem assim? Sinto-me bem com isto? Ou mereço melhor?" e a partir daí temos as respostas que precisamos para nos deixarmos andar ou mudarmos de atitude. E tu consegues sempre dar um ótimo exemplp do que é alguém ir abaixo, como todos vamos, eventualmente, e voltar, aos poucos, acima e do que é alguém viver cada dia e não apenas ir passando tempo :) e deves realmente orgulhar-te disso!

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  2. Missão cumprida, Inês! Este texto deixa, realmente, alguma esperança mesmo a quem, como eu, não a perdeu. Identifiquei-me um bocadinho com a parte de ter o coração partido por não nos reconhecermos e acredito que quando começamos a tratar de nós e a gostar de nós acabamos por conseguir ser mais felizes.
    Foi tão bom ler este texto! :)

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  3. Quando escreveste o post sobre o teu coração partido, revi-me em cada palavra e agora, gostava de conseguir dizer o mesmo. Infelizmente, ainda não consegui curar o meu :(

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  4. Oh fez-me tão bem ler este texto Inês! Ainda não curei o meu coração recentemente partido mas deste-me um novo ânimo. Obrigada :) *

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  5. Adoro quando escreves from the heart, sente-se isso. É tão bom amar-nos a nós mesmas, é talvez, ainda melhor que uma bela tablete de Milka de oreo. E nunca te esqueças, que importas, que és uma giraça e que mereces tudo de bom, não importam as circunstancias!

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  6. Tiro-te o chapéu por este texto. Nós devemos ser, sem sombra de dúvida, a nossa primeira prioridade (ou como a minha mãe diz: pelo menos até termos filhos) e temos que cuidar sempre de nós e não esperar que alguém o faça. Não importam as bocas de fora nem a opinião dos outros. Nós é que vivemos connosco e o que nós pensamos de nós próprios é que importa! And nothing else matters :)

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