Demorei mais tempo a ponderar se havia de pôr este tema na etiqueta "Amor" do que propriamente escrevê-lo, uma vez que acho que os dois são azeite e água.
Começo este post referindo que nunca fui traída. Até podem me dizer que nunca temos certezas disso mas, please, nós temos sempre, somos mulheres. E sei que esta é uma situação em que verdadeiramente não tomamos uma posição até a vivermos, dizem. Bom, eu espero não a viver porque eu posso não saber o que é ser traída mas certamente eu sei da gana e orgulho que fazem de mim a Inês e acho que não iam gostar de a ver ao de cima.
Há algo numa traição que me repele. Em qualquer traição, amorosa em especial porque é um voto de fé. Mesmo sem casar, por mais novos que sejamos, amar é um voto de fé incalculável e precioso, que nem sempre temos noção desse peso. É confiar não só no amor do parceiro como também na sua paciência, na sua opinião, na sua capacidade de ser ouvinte e tolerante e na sua capacidade de encontrar soluções. Quando um destes votos falha é quando geralmente as complicações começam. E eu jamais perdoarei uma traição. Sei que não, eu garanto-vos que não.
Eu prefiro que ele chegue ao pé de mim e diga que já não gosta de mim. Eu prefiro que ele diga que o coração dele gelou e já não derrete com a minha presença. Eu prefiro que ele diga que já não sente desejo por mim, que a cor do meu cabelo e olhos já não tem o mesmo brilho. Que está fartinho de me ouvir, está cansado do facto de eu jogar basquetebol e de ter um curso diferente do seu. Eu prefiro que ele diga que eu sou uma verdadeira chata. Mas eu prefiro que ele seja honesto e mo diga na cara. Eu prefiro ter um momento sem chão, de lágrimas nos olhos e coração perdido do que vir a descobrir que ele me traiu. Do que ele me beijar com os mesmos lábios com que beijou outra ou que diga as mesmas coisas que disse a outra pessoa. Eu prefiro sofrer mais por ele ser honesto e dizer "eu quero acabar tudo" do que saber que ele andou a brincar.
E não é essa treta toda de "andaste a brincar com os meus sentimentos" não, não, meninas. Ele não andou a brincar com os vossos sentimentos, it is far more beyond. Ele andou a brincar com a vossa dignidade.
Sei que, se alguma vez ele me dissesse as coisas que escrevi lá em cima, eu ficaria de rastos. Eu iria para casa de corpo desfeito, iria comer quinze mil bolachas, achar os homens uns verdadeiros cretinos durante três meses e depois de alguns mimos de mãe, ia recuperar, devagar, mas recuperar.
Mas se me traísse? Não sei o que ia fazer, depende das circunstâncias. Se estivesse numa casa iria arremessar-lhe toda a mobília que estivesse ao meu alcance. Jarras, pratos, tudo. Cadeiras... Não pensem que não o faria. Quem faz passes longos de uma ponta do campo ao outro num treino, arremessa cadeiras sem medo nenhum. Se estivesse na rua ou demasiado perto dava-lhe o maior número de estalos que pudesse. Quem magoa a dignidade de uma mulher não pode chorar por um rasgão na pele.
Acho que sou inflexível e não tenho problema com isso. Por mais que amasse, por mais que me custasse e soubesse que, mesmo depois de o "tentar" matar com jarros e pratos ele ia mandar-me mensagens derradeiramente apaixonantes sobre o quanto ele queria que eu o perdoasse, eu nunca iria conseguir. Nunca. Um dos meus livros favoritos fala de uma traição. A rapariga traída, a sua soulmate que teve apenas um one-night-stand e se sente horrivelmente arrependido. O livro todo dele a tentar reconquistá-la e ela inflexível. Para depois no fim ela o perdoar. Ainda é o meu livro favorito mas tenho dúvidas que seja por esta parte da história. Acho-me impotente para fazer o que ela fez. Eu jamais confiaria. Eu posso amar mas e o meu voto de fé? Irrecuperável. Voto de fé só há um.
É radical? É. Se é estranho ter uma ideia tão vinculada sobre algo que nunca vivi (graças a Deus?) Até pode ser. Pode acontecer e nós nunca podemos dizer nunca. Mas amo-me e tenho dignidade. E quem a pisa não merece o mínimo de amor. De ninguém.
eu já fui traída. e quando soube, prometi a toda a gente que ele ia ouvir-me, que ele ia "pagar". aliás, quando eu soube, já tínhamos acabado há quase um ano e ele até andava com a rapariga com que me tinha traído, o que ainda me deixou mais furiosa. o facto de ter andado tempo a fazer figura de ursa, andar com aquela rapariga e ainda acabar comigo por minha culpa, dizia ele, deixou-me tão zangada, tão zangada, partiu-me o orgulho,a dignidade e o coração em mil bocadinhos. prometi que lhe ia dar uma lição, que ele ia implorar-me por perdão. mas depois quando ele veio falar comigo, tive nojo dele e quase que o ignorei.
ResponderEliminarmas sempre pensei como tu. é preferível que me venha dizer que já nada é o mesmo e que quer acabar tudo, esperar um bocadinho e depois andar aí livremente com quem ele quiser, do que me fazer com que eu faça figura de otária. claro que sofreria, mas acho que sofri muito mais a saber que fui traída.
Fui traída, supostamente, pelo meu ex namorado aos 15 anos e ia decidida a terminar tudo. (Digo supostamente porque vim a descobrir tantas mentiras que não sei o que é real naquilo que vivemos)
ResponderEliminarConfrontei-o em conjunto com a "amante" mas tive tanta pena por vê-lo perdido e a chorar como nunca tinha visto que acabei por perdoar. Mal eu sabia que era o início de algo bem pior. Se eu voltasse atrás nunca o teria perdoado.
Hoje em dia se o meu namorado me traísse eu acho que iria simplesmente embora. Não ia querer desculpas ou razões. Ia ignorar a sua existência. Mas, felizmente, tenho alguém ao meu lado que já me disse várias vezes que nunca me irá trair e que caso deixe de me amar fala comigo e é sincero. Só depois avança para uma outra vida.
Ainda bem que és de ideias fixas. Isso é muito bom!
Eu também sempre pensei como tu. Aliás, eu seria incapaz de traír e pensei também que seria incapaz de perdoar uma traição de alguém que estivesse a meu lado. A verdade é que isso aconteceu. Fui traido e perdoei. Mais do que uma vez. Mais do que duas. Se me perguntares como aguentei, como nunca fiz nada... eu não te sei responder. Talvez não tenha tido amor próprio. Talvez tenha perdido a minha dignidade ali, naquele momento. Talvez a tenha amado mais do que me amei a mim mesmo (e isso realmente aconteceu!), mas pronto, eu desculpei mais do que uma vez. Mas felizmente esse pesadelo a que eu chamava relação terminou. E, voltei a pensar como tu. Jamais voltarei a perdorar uma traição. Mas sabes, as coisas não são tão certas como pensamos. Não são tão vincadas como, por exemplo, a tua opinião neste post (que gostei muito de ler!). A verdade é que passamos o tempo todo com uma opinião, mas quando toca a nós... tudo pode mudar! Mas acho que fazes bem pensar assim. Ninguém merece ser traído. Ninguém!
ResponderEliminarJá me aconteceu, mas eu só soube bastante tempo depois e por outros meios (eficazes, garanto), nunca pela boca dele. Na altura, ainda gostava dele, tinha os meus 15 anos, tinha sido o meu primeiro namorado e custou-me saber isso, claro. Como nunca foi pela boca dele, houve sempre uma parte de mim que acreditava ser mentira.
ResponderEliminarMas por ter sido após, só queria enterrar o assunto e nem levantei ondas, era deitar mais lenha para a fogueira que já estava a apagar. Tive consciência do que aconteceu e escolhi ignorar, revoltar-me era só dar-lhe importância e eu já estava a alcançar um estado de paz em relação a termos acabado.
O mais triste de um amor, é chegar ao ponto em que a pessoa te é indiferente. Foi isso que aconteceu, mas até hoje não o confrontei com tal facto apesar de por vezes nos cruzarmos em festas ou assim. Acho que não vale a pena, passado é passado e ambos seguimos em frente. Cada um com as suas marcas...
Acho que tens uma opinião forte e admiro-a, mas acho que até estarmos na posição e termos os sentimentos à flor da pele, não podemos garantir nada das nossas decisões :)
Neste pequeno texto disseste tudo o que eu também sinto :)
ResponderEliminarJá fui traída uma vez, o rapaz foi para casa com a cara mais vermelha que o sangue que nos corre pelo corpo e ainda sem um bom pedaço do seu tão «adorado» cabelo.
A confiança demora imenso a ser construída mas ao mínimo deslize é quebrada e muito dificilmente recuperada. É daquelas coisas que ou tens a confiança de alguém e valorizas mais isso do que qualquer escape por prazer ou então é irremediável e nunca mais a voltas a ter.
Beijinhos,
P'
Eu estava a pensar em escrever um texto sobre a traição, mas acho que se o fizer mais vale fazer uma citação do que acabaste de dizer ahahah
ResponderEliminarCada vez que o assunto vem à baila quando estou com as minhas amigas digo-lhe basicamente o que acabaste de dizer.
Enquanto estava a ler a parte "Eu prefiro que ele chegue ao pé de mim e diga que já não gosta de mim (...) do que saber que ele andou a brincar" só pensava "prefiro ficar de rastos por causa disso do que por uma traição que me irá modificar emocionalmente" e depois mais abaixo disseste aquilo de comer 15 mil bolachas e achar os homens uns cretinos durante três meses e eu achei imensa piada porque eu faria, provavelmente, o mesmo :p